segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Solar

Quando até o cara da Telecom, por telefone, diz que sou 'solar', começo a acreditar que sim. E que, ou os italianos são muito enroladores (são, isso é verdade) ou falta ou pouco de alegria nesse país conhecido, justamente, por ser tão solar. O que percebo, desde que comecei a vir para Itália, em 2000, é que o país entristeceu sim um pouco. Talvez por conta da crise econômica, muito mais do que política. Tenho a impressão que os italianos eram mais felices, agora vejo as pessoas brigando mais na rua (brigavam antes, mas talvez com menos voracidade, agora as brigas são mais duras). Os italianos perderam poder de compra, falta emprego nas grandes cidades, a indústria italiana produz tudo na China e na Índia, e a estabilidade foi ameaçada. E a lembrança dos tempos de guerra tomou conta dos mais velhos. Os mais novos não sabem muito bem o que fazer, para onde ir, tem uma certa inércia e pouca vontade de fazer. Estão tristes, grudados na internet, com milhões de amigos no Facebook e poucos para conversas reais, confidências. Mas vejo manchas de leopardo nessa sociedade, com muitos bons direitos adquiridos. São pessoas como a jovem Francesca, minha nova amiga e vizinha, jornalista, apresentadora de TV e cheia de ideias fantásticas. Mãe de uma gatinha, casada com um produtor musical. Ou na voraz Giorgia, que faz o curso comigo. É teimosa, ditadora, extremista, mas do bem, quer fazer a revolução, é o novo Garibaldi. E Roberto, meu grande amigo da Federculture, que batalha pela sobrevivência de mostras, espetáculos e tudo que diz respeito à produção cultural em Roma e na Itália em geral. E 'pian piano' vão trazendo a esperança de volta a esse país lindo, e a essa cidade eternamente solar que é Roma.

Friozinho, friozão e o farmacêutico 'carino'

A temperatura baixou por aqui, e ainda nada do aquecimento. Comecei a ficar preocupada, perguntei para o simpático moço da 'minha' cafeteria, para a vendedora da banca de jornal (não tão simpática, mas que se esforça) e para o farmacêutico, tratado como doutor por aqui. E ele fez uma expressão do tipo: frio, hoje? Mas acho que é só para me assustar. Depois abriu um sorriso e disse: 'che carina que sei'. Significa tipo, 'como você é engraçadinha'. Sai sem entender bem, mas me deu um ótimo desconto no remédio. Faz isso sempre, olho a nota fiscal e vejo que ele cobrou bem menos. Na primeira vez, disse, 'acho que está errado o troco', ele fez que não e me empurrou o dinheiro. Em tempos de crise, pegue e coloquei no bolso, sem discutir. Italianidades.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nosso amigo Hernan

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Meus amigos italianos. Hoje é dia de Hernan

Ele tinha um livro de grego debaixo do braço - ou alemão. Não me lembro bem, mas era uma língua que eu não conhecia, que me assustava. Cabelo certinho, todo arrumadinho. O tipo que a minha amiga Débora iria amar, com toda certeza. Eu, saltitante, de vestidinho jeans rodado e tênis esperava o trem para ir, pela primeira vez, a um shopping em Roma, ou melhor, um Centro Commerciale. Era maio. E, diante das circuntâncias, era improvável que ele falasse comigo, mas puxei papo, perguntei se o trem era mesmo aquele. Ele me sorriu e respondeu que não. Fiquei desconsolada, e, por conta de um trem errado, nasceu uma amizade gostosa, aconchegante. Hernan é chileno, de Santiago. Advogado, usa óculos, está fazendo doutorado em Filosofia. Largou a carreira promissora por conta da paixão pelos pensadores. Está em Roma tem dois anos e nos damos muito bem. Os jogos da Copa quase nos separaram, mas depois de Brasil e Chile, Hernan virou parceiro e assistiu comigo a sem graça derrota brasileira. E, desde então, viramos cúmplices. Quando Sofia ficou doente, ele veio dormir em casa, passou dois longos dias comigo e a pequena. Encontrou a farmácia de plantão aberta, foi comigo ao hospital. Quando eu não conseguia chegar em Roma, perdida com a 500 alugada, e tinha uma amiga esperando na porta, vinda de Trento, liguei para Herna e ele veio em casa, ficou com ela por quatro horas até que eu chegasse. Quando cheguei, me abriu um sorriso. Que bom, eu precisava. São várias telefonadas por semana, tentamos fazer programas juntos, ir no cinema, no parque. E é bom saber que ele está por perto.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Perder-se

Esto profundamente apaixonada. E não é por um homem. É por Roma. Depois de seis meses aqui, tenho uma rotina, horários e, por incrível que pareça, isso garante a minha liberdade. A liberdade de poder me perder pelo centro da cidade, de tirar uma horinha para conhecer um bairro, como Pigneto (não sei é com a doppia), me perdendo nas ruelas. Ou mesmo pelo centro da cidade, pegando uma rua que eu jurava, dava no Pantheon, e, claro, não dava. E eu parei em outra viela pequena charmosa, que é sempre uma surpresa. Meu amigo Roberto me disse que é isso o que ele mais gosta em Roma, 'se perder nas vielas'. Dou razão a ele, e eu, metódica que sou, começa a me perder também. Hoje, voltando de uma coletiva no MAXXI, resolvi caminhar da Piazza del Popolo ao Largo Argentina. Uma bela caminhada, um dia lindo, um sol fantástico e uma energia incrível. E pensei: Roma é minha cidade. Cheguei aqui pelas vias mais tortas, um amor perdido para sempre, uma filha ítalo-brasileira e tantas outras histórias. Mas cheguei e, pouco a pouco, começo a escrever minha história de amor com a cidade mais linda do mundo _ e digo isso depois de viagens recentes a Paris e Londres. É um amor pelas cores, pelas ruas estreitas, pelos parques, pelas pessoas (os romanos são briguentos sim, é verdade, mas a raiva explode e aí passa rapidinho. E tenho tido a sorte de conhecer gente muito boa por aqui), pela 500, pela energia, pelo sol e por todas as coisas lindas que essa cidade pode oferecer. Um beijo Roma.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Caminho Suave

Eu estudei em escola pública, anos 80, numa cidade pequena do interior de Minas Gerais e me lembro da nossa cartilha, no primeiro ano da escola, 'Caminho Suave'. A de Abelha e por aí vai. Quando Sofia entrou na escola, em São Paulo, me lembro de alguma professora dizer: agora é tudo diferente, nada mais de A de Abelha. Bom, 2010, moro em Roma e Sofia está fazendo o seu primeiro ano escolástico e o que encontrei? Praticamente, Caminho Suave, à italiana, porém. É o livro 'Nel Giardino', que não deixa de ser um caminho bem suave para os pequenos e o A, de Ape...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ano novo em Roma

No Brasil, o ano começa depois do Carnaval, aqui na Itália é depois do verão. Junho, julho e agosto são meses estranhos. De vai e vem para praia, cidade vazia de romanos e cheia de turistas alemães, japoneses, indianos e de todas as partes do mundo. Roma se transforma em uma cidade 'visitada', um lugar não lugar, onde todos passam, olham, mas não dialogam com o espaço. Mas isso é papo de verão, no outono e inverno, a cidade volta a ser dos romanos, o caos dos carros estacionados nas calçadas, das pessoas brigando na rua, nos pontos de ónibus, nas portas dos prédios, falando alto. E, por mais estranho que pareça, eu ando me acostumando com todas essas manifestações. No verão, em Paris e Londres, senti falta do caos romano...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

A Parigi




Hoje foi o nosso primeiro dia em Paris, ou Parigi. Foi lindo, apesar das nuvens. Sofia, no entanto, repetiu aos quatro cantos: Paris é bruta (feia), prefiro Roma, prefiro Roma! Depois da torre Eiffel e de Notre Dame, ela começou achar a cidade mais linda. Amanhã tem o Louvre.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sobre a Puglia

Santa Cesàrea e Gallipolì




Otranto e Maglie




Férias na Puglia





Junho, julho e agosto são meses de férias na Itália. Segundo minha amiga que mora na Alemanha, essa farra é só aqui na Itália, lá em Bremem o tempo de vacanza é bem mais curto. Bom, mas já que por aqui são três meses, eu e Sofi caímos na gandaia e, por isso, a falta de notícias no blog. Uma boa causa, devo dizer. Fizemos as malas e viajamos um bocado. Conhecemos a bela Toscana, passamos uns dias em San Benedetto del Tronto, aproveitando a ciclovia, e fomos apresentadas à fantástica Puglia, ou melhor, o Salento, o salto da bota. Região com uma energia e uma luz incrível e, sem sombra de dúvida, um dos lugares mais lindos que conheci. Cheio de gente interessante, bonita, muitos festivais e, claro, uma cozinha maravilhosa, muito influenciada dos árabes que ali chegaram há muito tempo atrás. A presença também está na arquitetura das cidades e nas cores dos seus moradores, de cabelos e pele mais escura. É uma bela mistura! A seguir, várias fotos da nossa deleciosa viagem.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Música num burgo medieval




O verão chegou por aqui e com ele muitos, muitos festivais. Ando meio maluca com tantas opções. Quero aproveitar tudo, mas tenho de estudar, trabalhar e cuidar da pequena Sofi. Vida dura aqui na Zoropa. Bom, mas consegui um tempinho livre no sabadão e fui para a região de Castelli Romani, mais precisamente Lanuvio, onde acontece o Festival della Musica. Belíssimo!!! São dois de festival, um pouco como a Virada Cultural em São Paulo, mas bem menor e, claro, por ser menor, muito melhor organizado. Lanuvio é um burgo medieval, cheio de vielas, vicolos, no alto, de onde se pode ver uma parte de Roma. Para chegar, passamos por Albano Laziale e Arricia, que tem uma ponte famosa e muitos, muitos restaurantes que servem a tradicional 'porcheta' = pão com carne de porco crocante, com a pele. Uma delícia. Bom, mas de volta ao festival, a cidade toda se mobiliza para o festival, pequenos palcos são montados em meio às vielas. Do nada, os visitantes são supreendidos com um concerto de rock, ali, perdido no meio de um burgo medieval. Eram mais ou menos 20 grupos todos do local, jovens que amam a música e criaram um modo para se expressar, já que não tinham espaço no 'mundo do espetáculo'italiano. Em geral, quase ninguém vive da música, são todos amadores, tocam por paixão e mantém outros trabalhos para, inclusive, sustentar as guitarras, baixos e baterias. O festival tem quinze anos, é sempre cheio e a cidade vive os dois dias como uma grande oportunidade para por o pé no resto dos festivais que acontecerão aqui na Itália até o próximo mês de agosto.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Cinema sem intervalo

Outra coisa divertida aqui na Itália é que o filme (ou film em italiano) para no meio. Sim, quase sempre numa parte boa. A pausa dura mais ou menos quinze minutos, as pessoas saem, compram mais um balde de pipoca e tornam aos seus lugares (numerados, é bom dizer, e isso é uma grande vantagem, pois evita a fila insana) para a segunda parte do filme. Pois bem, na primeira vez que isso aconteceu, achei que fosse algum problema técnico, mas logo descobri que não, que era apenas mais um item para a lista das nossas diferença. E ontem fui assistir um filme com Sofia, o filme corria, nós esperávamos o intervalo e nada. Surpresa, era um cinema da rede Warner, sem intervalo...

O caminho de Long Beach... e a chegada


domingo, 13 de junho de 2010

Long Beach romana

Ontem fomos à praia de Ostia. O calor continua terrível e decidimos pegar uma praia. Bom, conheci a Praia Grande italiana. A diferença é que se chega com um trem, que parte de Roma e te deixa quase de frente para o mar. Fantástico! No trem, o que nós chamamos de farofa está por todos os lados. Adolescentes, mães com filhos, casais, todos com sacolas, bolsas, cerveja quente (como podem beber cerveja quente?), toalha, canga e tudo o mais que se tem direito. Um cheiro de tramezzino com panino tremendo. E um falatório sem tamanho. Eis que chegamos. Estranhíssimo, a praia é fechada, assim como quase toda a orla, dividida em pedaços administrados por grandes chalés, com restaurantes, piscinas, quiosques que comercializam brinquedos, jornais, sorvetes. Se paga 3 euros para entrar na 'estrutura' e ter direito a usar o banheiro, fazer uma ducha fria (a quente custa mais 1 euro). Para o guarda-sol, 9 euros, para as cadeiras, 6 e 7 euros (a que se pode deitar). E tinha fila. Pagamos a entrada, o guarda-sol e duas cadeiras. Com uma precisão, o funcionário do lugar, veio correndo, com um sorriso (coisa rara por aqui), ajeitou as cadeiras, o guarda-sol e pronto. Ao lado, vejo as pessoas que só pagaram 3 euros se espalhando pela areia escura com suas toalhas e cangas, ao som do apito do empregado, 'sugerindo' para eles irem um 'pouco mais pra lá'. Quem caminha pela praia, também não pode parar ali. E não adianta bancar o espertinho, entrando por outro lado, os funcionários são bem atentos, logo mandam as pessoas se retirarem. É estranho, afinal a praia é pública. Saudade do Brasil. Por outro lado, todo mundo deixa a bolsa, os brinquedos das crianças e sai para passear. Quando retorna, sabe que vai encontrar tudo no lugar _ pelo menos eu acho, mas enfim: a praia é pública, ok para se pagar pelo uso dos serviços, isso temos também nas praias brasileiras, mas ali as areias são livres para as caminhadas, para parar onde quiser e olhar o mar com calma, sem o apito do 'chega mais para lá'. E também, claro, senti falta da caipirinha, da batidinha e das ondas...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Salve as Havaianas, as legítimas

Eu não sei quantos graus está fazendo aqui, trinta ou mais de trinta, com certeza. E eu circulo feliz da vida de havaianas. No Brasil, em São Paulo, quase nunca, só em casa ou na praia (num sei pq) mas aqui, em Roma, me sinto bem confortável em meter as minhas legítimas no pé e sair por aí. Acho que é aquela estranha liberdade do turista, que está num lugar em que ninguém te conhece direito, vai te olhar de cima em baixo mesmo, quando te ver de havaianas, então, perfeito. É colocar as havaians e pronto. Ontem, até jantei num restaurante de Trastevere de havaianas e bermuda. Concorro com os alemães e suas papetes, com as russas, mas a minha bermuda não é tão curta. Roma no verão é uma delícia.

Samantha falando italiano

Fui ver Sex and City essa semana. Sim, eu gosto de Sex and City, adorei a série, quanto aos filmes, tenho várias ressalvas, mas ok. No primeiro, um grande viva para o vizinho da Samantha e para a assistente da Carry, a Louise. Pois bem, no segundo, tenho muitas outras ressalvas, mas, novamente, o romance da Samantha em Abu Dhabi salva o filme, com uma ajudinha da sexy babá da Charlotte, que não gosta de sutiã. Mas, o mais divertido foi ver o filme todo em italiano. Sim, os italianos tem uma mania maluca de traduzir todos os filmes para o idioma deles, e não estou falando de legendas, são dublados. Para assistir o filme no idioma original é uma luta, são raras as salas que passam e, como tudo aqui na Itália, tem um dia certo da semana. Não preciso dizer que nunca acerto o tal dia. Quando conto que no Brasil não é assim, só filme para criança é dublado, as pessoas fazem cara de susto e dizem:'mas como é possível ver o filme e ler a legenda?'. Esses italianos... Estão tão mal acostumados, mas, me parece que não é só essa questão, a indústria da dublagem é bastante vigorosa por aqui, emprega muita gente, então, em tempos de crise, é muito bem vinda. E nós nos abituamos a ouvir Samantha e Cia. falando como Claudia Cardinale.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sono stata mollata

Cena divertida hoje no curso (é, aos 33 anos, voltei para escola, e vou de mochila e tudo). É um máster de Curadoria de Museus, no IED Roma, é muito bacana, eu recomendo. Pois bem, os meus colegas de classe, 16 (14 mulheres e dois homens), são todos, com exceto Domenico, mais jovens do que eu. E acontecem coisas engraçadas, que eu não me lembrava mais. Hoje, Sabrina, uma simpática garota de Pescara, que acabou de terminar a faculdade de Arquitetura, chegou com um sorriso maroto e disse: 'essa a frase é para quem foi a Faenza'. Pegou uma caneta e escreveu em alto e bom tom no quadro branco, usado pelos professores, com caneta vermelha: 'sono stata mollata'. Até o 'sono stata' eu entendi, o resto, tive de perguntar. Sabrina foi deixada pelo namorado de três anos e resolveu dividir a história com todos nós. O relacionamento não resistiu à Faenza e toda a arte contemporânea. Ela disse que a coisa já não vinha tão bem, mas, depois da viagem, o namorado achou que teria de esperar demais até que ela 'encontrasse a sua estrada'. Disse que já tinha esperado que ela terminasse a faculdade e, depois, bem, Sabrina decidiu fazer o máster, o casamento demoraria ainda mais. Os caminhos começaram a se distanciar. Eu entendo, vivi uma história assim com o meu primeiro namorado oficial, Marcelo, de São Paulo. O namoro, no entanto, durou seis anos, começou antes da faculdade, durou os cinco anos do curso de Jornalismo, mas não resistiu à Folha de S.Paulo, quando encontrei Vincenzo, novos amigos e uma vida nova. A vida é assim, cheia de surpresas.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Un'ora sola ti vòrrei

O filme é lindo, maravilhoso, comovente e pode ser visto no Youtube. Sempre daquele jeito, dividido em seis epsódios. É de Alina Marazzi, uma cineasta italiana 'bravissima'. Alina perdeu a mãe quando tinha seis anos. Sua mãe era belíssima e muito rica, bem casada, mas sofria de depressão. Suicidou-se aos 33 anos, em Milão. Alina, a filha, fez dos caderninhos, diários, fotografias e filmes caseiros, filmados pelo avô, um filme sem igual. Un'ora sola ti vòrrei é duro e doce ao mesmo tempo. O link para o primeiro capítulo é http://www.youtube.com/watch?v=tlga5fnctj8 .

Lua cheia no Macro


Caros, vão cansar de ler sobre arte contemporânea e fantásticos espaços expositivos aqui de Roma, da Itália. Pois bem, já falei do Macro, que tem duas unidades, uma no bairro de Testaccio e a mais antiga, reformada recentemente, perto da casa da Alessandra, que me hospedou no início da temporada romana. O Macro em Testaccio é fantástico, é um antigo matadouro, eu já contei, e no final de semana foi palco para o Roma, the Road to Contemporary Art. O nome é inglês, os italianos reclamam disso: 'pq a arte contemporânea tem de vir embalada em inglês', ouço logo na entrada. É os romanos são extremamente bairristas, mas adoram o Brasil _ meno male. Mas de volta ao Macro, eram 67 galerias de várias parte da Itália e do mundo, que mostravam seus artistas ao público. Bem interessante. Lá sim, muitas performances e, toda noite, uma festinha para encerrar a jornada de trabalho. Foram cinco dias de muito agito (nossa, quanto tempo que eu não usava essa palavra). E no Macro, eu fiz as pazes com a arte contemporânea, em meio à lua cheia e as performances de Michelangelo Pistoletto, um artista italiano, conhecido mundialmente, e que começo a gostar muito.

A primeira coletiva... a gente nunca esquece



Semana passada foi inesquecível: o dia da minha primeira coletiva em terras estrangeiras. Confesso que me perguntei, como fazem os correspondentes que, mal chegaram, e tem de produzir matérias. A tarefa é difícil, complicada. Primeiro, você tem de entender como chegar até os meios _ fisicamente, inclusive. Depois, tem se fazer conhecer pelas assessorias de imprensa (isso eu ainda não consegui) e aí, então, ser chamado para um lançamento, uma coletiva do governo, do Vaticano (no caso de Roma). No começo, nos primeiros dois meses, isso parecia impossível (imagina antes da internet), agora, no terceiro mês parece mais fácil. Vamos ver. A história toda é que, via a diretora do curso, chegue até a assessoria de imprensa do MAXXI, o mais novo e fantástico museu de Roma, e fui convidada para a coletiva de inauguração. Cheguei e, claro, meu nome não estava na lista. Enquanto esvasiava freneticamente a minha bolsa, na frente do segurança, procurando a minha carteira de jornalista (vencida, por sinal, mas essa info. estava em português e o pobre não percebeu), via entrar decenas e decenas de pssoas. Entrei. Ufa!! Lindo, o MAXXI é maravilhoso (depois passo o link da matéria). Embasbacada pela estrutura externa da 'grande jiboia", segui até a sala de imprensa. Seiscentos jornalistas do mundo inteiro se acotevalavam para sentar em 300 cadeiras, dispostas em frente ao, digamos palco. Que alegria, pensei, estou numa coletiva importante na Itália. A felicidade, no entanto, foi interrompida por um fotógrafo mal educado, que bateu a câmera na minha cabeça. Ufa, que grosseria, tinha esquecido dessa fase da 'vida coletiva'.

Mal me recomponho e sinto uma mãozinha delicada nas minhas costas, me virei, era, com certeza 'uma modela'. Como eu sei? Perna fina, magérrima, salto 30, vestido rosa, botox na cara. Pedia que virasse um pouco o meu pescoço na direção da direita, assim ela 'poderia ver melhor'. Tive vontade de responder: 'escuta, eu estou aqui trabalhando, sua vaca magra'. Mas me contive, poderia bem ser amante de um dos políticos ali da primeira fila e, bem na Itália nunca se sabe, melhor tomar cuidado. Entorto o pescoço, ligo o meu novo gravador (Sony digital e compatível com o MAC, assim espero) e, nessa posição, fico por quase uma hora ouvindo as pessoas falarem sobre o MAXXI. Tudo muito interessante. E eu na expectativa das perguntas, quando ouço o mestre de cerimônia encerrar ali a coletiva. Não entendi nada. No Brasil, coletiva é para jornalista perguntar e aqui?

Depois do encerramento da coletiva, fomos conhecer o museu, as exposicões e, claro, tomar prosseco. E valeu a pena. Fui salva pela arquiteta Zaha Hadid, que projetou o MAXXI, e deu belas frases sobre o seu museu-escultura, que coloca Roma, finalmente, no roteiro da arte contemporânea. Evviva o MAXXI!

Os nós da arte contemporânea



Eu gosto de arte contemporânea. Estou fazendo um curso que trata justamente do assunto, mas, confesso, algumas vezes é bem complicado, principalmente a parte teórica da arte contemporânea. Bom, vamos lá, ao motivo do meu imbróglio da semana passada. Fui para Faenza, uma cidadezinha italiana simpática, cheia de aposentados andando na praça e parques pequenos, agradáveis, cheios de crianças correndo. É esse o cenário atual da Itália: muitos, mas muitos idosos, nos ônibus-circulares inclusive, tentando se equilibrar entre a gentileza de gente mais nova, que não cede lugar por nada nesse mundo, e os movimentos bruscos do jovem motorista romeno (22 anos, pode ser?) ou de qualquer país do Leste Europeu. Do outro lado, muitas crianças e bebês, tentando sobreviver ao mau humor dos seus pais, com cara de cansadérrimos. Bem, mas de volta à Faenza. Ouvi muitas histórias de como esse festival de arte contemporânea estava mudando a cidade, que era maravilhoso e coisa e tal. Acreditei. Fui feliz da vida esperando encontrar gente fazendo performances nas praças, papos animados sobre arte na rua, grandes festas noturnas, mais performances, mais 'sound art' e obras com luz. Era isso que eu espera encontrar. E foi uma grande decepção. Não por conta da cidade e de seus parques doces, solares, mas por conta da arte contemporânea. No festival, nada de obras, performances e artistas. Somente debates, conferências e um estranho formato: fulana de tal que entrevista o artista X. E o artista X não mostrava sua obra.

Outra coisa que me chamou a atenção, os moradores da cidade não sabiam muito bem o que estava acontecendo, não estavam envolvidos, não participaram. Para se ter uma ideia, no sábado, tudo funcionou normalmente, ou seja, das 13h às 16h, por exemplo, tudo 'chiuso' (se diz quiuzo, que significa fechado). Não se podia comprar cigarros (eu não fumo, ok), mas meu colegas sim. Café, só numa única cafeteria, enfim, não havia sintonia da cidade com o festival. Que triste! Isso sem falar nos guias-voluntários, que nada entendiam, tinham chego um dia antes à Faenza, muitos não conheciam a cidade, e não sabiam nem onde eram os lugares das conferências. Uma pena, mas uma lição sobre o que funciona e o que não funciona num festival de arte contemporânea.

Difícil postar todo dia



Eu tenho sempre muitas coisas para contar sobre Roma, me maravilho com tudo, mas como é difícil postar todos os dias, ou colocar sempre uma boa história. É uma questão de hábito. Há duas semanas, por exemplo, eu e Sofi fomos comer num restaurantezinho simpático em Trastere, perto de casa. E encontramos um restaurante do qual já tínhamos ouvido falar, o Piazzeta. Foi uma emoção achar, do nada, o lugar que o Didi, o padrinho querido da Sofi, falava com tanto carinho. E ficamos lá, conversando, tirando foto e, claro, comendo. Se come muito bem no Piazzeta. Sofi pediu macarrão com vôngole, seu preferido, e eu 'pasta nera'.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Parada romana


Depois de alguns dias chuvosos, abriu um lindo dia de sol. Fomos a Villa Borghese e Sofi, surpreendentemente, andou em uma bici grande, sem rodinhas. Digo surpreendentemente pq não foi preciso ensinar, empurrar e todo o esforço que os genitores fazem para que a criança se equilibre no veículo fantástico de duas rodas. Nada. Sofi subiu, reclamou um pouco, deu duas pedaladas e pronta, lá estava ela. Acho que foi a ajuda do patinete, que deu noção de equilíbrio e segurança para a mocinha.

domingo, 16 de maio de 2010

Mais fotos de Castel Sant'Angelo




A vista vale mesmo a pena...

Castel Sant'Angelo




É o castelo de Roma, fica no meio da cidade, era o mausoléu do imperador Adriano. Um pouco decadente, mas com uma vista incrível da cidade, do Vaticano, do rio Tevere, que corta Roma. O site, para dar uma espiada, e saber um pouquinho da história é www.castelsantangelo.com.

Imigrante, eu?

Depois da bela Villa Borghese, o famoso 'permesso di soggiorno'. Eu tenho o visto para estar na Itália por um ano, mas isso não basta. Preciso do tal 'permesso di soggiorno'. Entreguei os documentos logo na primeira semana de março, quando cheguei, e agendei a visita para dia 12, 10h da manhã. Para não perdei o horário, coloquei o despertador, mas não sei o motivo, estava tensa. Acho que por conta da história da Espanha, dos Estados Unidos, que dificultam a vida dos brasileiros. Cria-se um estereótipo, um medo desnecessário. Chequei os documentos milhões de vezes, preparei as coisas todas um dia antes. No dia D, lá fui eu com Sofia. O taxista avisou: 'lugar mais longe que esse em Roma não podia existir'. E era verdade, muito longe, quase como a distância até o aeroporto Fulmicino. Sofia reclamou do tempo, de acordar cedo, da distância. E, bom, quando chegamos foi um desastre. Lá estava eu e Sofi no meio de 200 paquistaneses e 200 chineses. Provavelmente são os paquistaneses são marroquinos, tunisianos, argelinos, mas os italianos os classificam assim 'paquistaneses'. São morenos, cabelos lisos, baixos. E os 'chineses', bom, são chineses, mas também coreanos, filipinos e todos os outros povos de olhos puxados. E eu? Bom, pareço uma italiana, já me disseram, mas também posso passar por russa (??). A verdade é que, pela primeira vez, me senti num outro país.

Na entrada, uma grande confusão. Cerca de 50 pessoas tinham o mesmo horário das 10h da manhã. E todas queriam entrar. Eu não me arrisquei a me debater no meio da multidão, estava com Sofia. O soldado do Exército ameaçava, dizendo para as pessoas se afastarem, caso contrário não abriria a porta. Uma parte entendeu, a outra ria e se afastava. Não falam a língua, não entendem, sorriem. A primeira impressão, então, foi péssima. Tive a certeza que me mandariam de volta no próximo vôo. Mas, depois da entrada, a luz. Numa sala limpa, com cartazes do Egito, da Síria, do Marrocos e de outros países, simpáticos atendentes (a maioria, pelo menos) de jaleco branco tentavam entender os pedidos e explicações de cada rosto à sua frente, de cada uma daquelas pessoas que deixou o seu país para tentar a sorte na Itália, que é 'boa com os imigrantes', me disse um paquistanês. Pode ser pq os italianos estiveram nessa condição bem mais do que os ingleses, espanhóis e americanos... Volto daqui a 20 dias para retirar o meu 'permesso'. Com o documento, pelo que entendi, poderei até ter uma carteira de identidade italiana, abrir conta em banco etc. Vamos ver.

Bioparco e Villa Borghese




Semana intensa por aqui. Sobrou pouco tempo para o blog. Fiz uma programação dos lugares que temos de visitar em Roma, pois são muitas as coisas que queremos ver e um ano começa a parecer pouco tempo para fazer tudo, ainda mais com a proximidade do verão. Segundo os italianos, faz um calor de matar por aqui e é melhor procuramos uma praia simpática (cheia de gente) para nos refrescar. Bom, o primeiro da lista de Sofia foi o Bioparco, que fica na Villa Borghese, um dos maiores parques de Roma. Fomos até lá, errei o trajeto e atravessamos o parque a pé. Coisa absurda. Sofi reclamou, mas a paisagem era linda, o ar bom e conseguimos chegar ao Bioparco. Toda Roma estava na fila para comprar o ingresso. Dia de sol, levar as crianças para ver os animais é um bom programa. Apesar dos lamentos de Sofi, persistimos na fila, compramos o ingresso e fizemos um belo passeio. Sofi fotografou toooodos os animais _ até que a memória da máquina apitou.

Antes de ir para casa, fizemos um 'belo giro' pelo parque de bicicleta. No 'complexo' Villa Borghese tem uma série de lugares bacanas para se conhecer (além do próprio parque, é claro). Mas ali está a toda a coleção de arte da família Borghese, na Galleria Borghese, a Galleria Nazionale de Arte Moderna, o Bioparco. Enfim, são necessários vários dias para conhecer tudo o que o parque oferece. Na Galleria Borghese, no entanto, é preciso ligar antes e agendar a visita. Entrou para a nossa lista de 'lugares para conhecer em Roma'.

domingo, 9 de maio de 2010

O Auditorium

Durante a semana fui com Sofia no Auditorium Parco della Musica assistir um grupo de Cornamusa, que toca música escocesa. O espetáculo foi ótimo, maravilhoso, Sofi se emocionou com o som forte, encorpado do instrumento conduzido por 'homens de saia'. O local é um conjunto de prédios desenhados por Renzo Piano e abriga salas para espetáculos, a Accademia Nazionale di Santa Cecilia, um pequeno museu de instrumentos musicais, um café/restaurante e uma livraria bem equipada. É um bom local para uma tarde de Primavera, ou de Verão. Os sites para dar uma espiadinha são http://www.auditorium.com/ e http://www.santacecilia.it/scw/.

A Europa, os italianos...

Tarde de sexta-feira 'a Roma'. Saio do curso e pego o meu ônibus, o 75, na Stazione Termini. Depois de quase 9 horas de aula, estou cansadérrima. Entro e sento, chega um, dois, três passageiros e o quarto, acho, nota uma mochila perdida. Pergunta para o motorista, que olha e diz: 'deixa aqui perto de mim, o dono deve aparecer'. Nova parada, mais pessoas adentram no ônibus e comentam da mochila. Logo está instaurada uma grande discussão. Sinto vozes que dizem: 'pode ser uma bomba', outras que dizem: 'que bobagem', outras que criticam o motorista: 'não é preparado para uma situação como essa... Se fosse nos EUA, tinha de parar e chamar o FBI, evacuar a área e, só depois que se tivesse certeza do conteúdo, é que o veículo poderia prosseguir'. Esse devia ser um advogado. A senhorinha do meu lado ri: 'mas, imagina, nós italianos somos gente de paz'. Outro contesta: 'é, mas só falta Roma'. Eu acompanho tudo, a discussão cresce, são gestos e mais gestos. Uns indignados, outros bravos e o motorista se cansa da discussão. Para o ônibus e manda todo mundo descer, pois, até então, ninguém tinha arredado o pé do 75. As vozes aumentam, os gestos também, mas sem tem o que fazer, descemos todos. O episódio me fez refletir: 'estou na Europa!'. Em São Paulo ninguém pensaria que uma mochila esquecida no ônibus poderia conter uma bomba. Mas também me dei conta: 'estou na Itália!'. Reclamaram, brigaram, falaram, mas ninguém desceu do ônibus... até serem convidados a se retirar. Quando o 75 partiu sem nós, fiquei olhando, observando ele dobrar, sossegadamente, uma curva da estrada, em direção a Viale Trastevere...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ladrão de sonhos na Fontana di Trevi


Dia de sol lindo em Roma, o mesmo dia da Villa Médici. Proponho a Sofi esticarmos um pouquinho e irmos até a Fontana di Trevi, eternizada por Federico Fellini no inesquecível filme La Dolce Vita. Difícil quem nunca tenha se imaginado caindo nas águas da fontana. Pois bem, lá fomos nós. Desviamos de um milhão de turistas franceses, ingleses, alemães, japoneses, chineses e indianos. Por fim, conseguimos nos aproximar. Sofia logo quis jogar uma moedinha e fazer o seu pedido, assim como todos ali. Viram de costas para a fontana e arremessam a moeda. É claro que se todas as moedas jogadas continuassem ali, não haveria mais espaço, a prefeitura de Roma recolhe tudo (ainda não sei que fim dão às moedas, mas recolhem). Mas nós nem lembrávamos disso, apenas queriamos fazer os nossos pedidos, no entanto, fomos interrompidas, no calor da emoção, por um senhor com um bastão bastante mal educado. Pediu, em italiano, que fossemos um 'pouco pra lá'. Sacou o bastão fino, longo e com um imã na ponta, meteu-o na água e, olhando atento, pescava as moedinhas de um e dois euros. Fiquei um pouco incrédula, mas logo comecei a rir, ainda mais pq Sofi queria um bastão igual, para pescar 'os desejos' das pessoas. Meno male que jogamos moedinhas de 10 centavos.

Villa Medici




A Villa Médici (eu acentuo) é um daqueles lugares fabuolosos de Roma, com uma vista incrível da cidade, é a sede da Académie de France na Itália. Estive lá com Sofia, aproveitei e fiz uma matéria para ANBA (Agência de Notícias Brasil Árabe), recorto um pedacinho do texto aqui, para contar a história desse palazzo. A Villa fica na colina do Pincio, que seria a oitava colina de Roma (a cidade é conhecida por suas sete colinas), se a região integrasse o que os romanos chamam de 'pomoerium', uma linha que criava uma fronteira imaginária, separando a cidade sagrada das outras terras, também romanas. Mas o Pincio está fora do tal 'pomoerium'.

A Villa Médici começou a ser desenhada entre 66 e 63 antes de Cristo, com a criação, primeiramente, do jardim, mas foi só em 1564, quando o cardeal Giovanni Ricci da Montepulciano, comprou o lugar é que se ergueu a residência principal. O cardeal chamou um famoso arquiteto fiorentino, Nanni di Baccio Bigio, e o encarregou da construção do prédio. Dez anos depois, Montepulciano faleceu, Bigio também, e o projeto ficou para os herdeiros, que nunca o executaram. A Villa ficou inacabada.

Outro cardeal, Ferdinando de Médici, em 1576, comprou a Villa dos herdeiros de Montepulciano, chamou outro arquiteto fiorentino, Bartolomeo Ammannati para, enfim, dar vida ao suntuoso projeto da Villa Médici. Ferdinando de Médici era um colecionador de arte e um mecenas, fez da casa principal uma verdadeira galeria, com espaço para esculturas inclusive nas paredes externas, na parte de trás da casa, que dá para o jardim à moda italiana, ou seja, sem flores, cortado seguindo formas geométricas, principalmente formando quadrados.

Ferdinando de Médici também mandou construir um bosque, onde podia caçar, e um estúdio privado, fora da casa principal. Para o estúdio, ele escolheu o jardim. O espaço tem afrescos do final de 1500. Na sala principal, pássaros e aves pintados no teto são as mais diversas espécies convivendo em perfeita harmonia. Alguns são raros, outros desconhecidos, que representavam o que se imaginava serem as espécies do Novo Mundo. Na sala de vestir, mais afrescos, com desenhos da época, entre outros, ilustrações das fábulas de Esopo. Os desenhos eram sempre acompanhados do símbolo dos Médici, que eram esferas, simbolizando a riqueza da família.

Em 1587, mais uma interrupção no projeto da Villa Médici, o cardeal foi chamado a Firenze para ocupar um posto importante. Deixou a Villa e quando decidiu se estabelecer definitivamente em Firenze, mandou buscar toda a sua coleção de arte. Com sua morte, a propriedade foi passada aos herdeiros de Ferdinando de Médici e ficou com eles até a venda a Napoleão, em 1803. A Villa era estratégica para o francês. Com Benito Mussolini no poder, a Villa foi confiscada da França em 1941, mas o período foi curto e, em 1945, a Académie de France voltou a ocupar a Villa Médici. Hoje, a Villa recebe artistas bolsistas. Que privilégio! São cerca de 20 selecionados todos os anos pelo governo francês. Uma das exigências é falar bem o francês. A outra é ter entre 20 e 45 anos e conhecer um pouco da cultura italiana. Mais infos. no site www.villamedici.it.