sexta-feira, 21 de maio de 2010

Parada romana


Depois de alguns dias chuvosos, abriu um lindo dia de sol. Fomos a Villa Borghese e Sofi, surpreendentemente, andou em uma bici grande, sem rodinhas. Digo surpreendentemente pq não foi preciso ensinar, empurrar e todo o esforço que os genitores fazem para que a criança se equilibre no veículo fantástico de duas rodas. Nada. Sofi subiu, reclamou um pouco, deu duas pedaladas e pronta, lá estava ela. Acho que foi a ajuda do patinete, que deu noção de equilíbrio e segurança para a mocinha.

domingo, 16 de maio de 2010

Mais fotos de Castel Sant'Angelo




A vista vale mesmo a pena...

Castel Sant'Angelo




É o castelo de Roma, fica no meio da cidade, era o mausoléu do imperador Adriano. Um pouco decadente, mas com uma vista incrível da cidade, do Vaticano, do rio Tevere, que corta Roma. O site, para dar uma espiada, e saber um pouquinho da história é www.castelsantangelo.com.

Imigrante, eu?

Depois da bela Villa Borghese, o famoso 'permesso di soggiorno'. Eu tenho o visto para estar na Itália por um ano, mas isso não basta. Preciso do tal 'permesso di soggiorno'. Entreguei os documentos logo na primeira semana de março, quando cheguei, e agendei a visita para dia 12, 10h da manhã. Para não perdei o horário, coloquei o despertador, mas não sei o motivo, estava tensa. Acho que por conta da história da Espanha, dos Estados Unidos, que dificultam a vida dos brasileiros. Cria-se um estereótipo, um medo desnecessário. Chequei os documentos milhões de vezes, preparei as coisas todas um dia antes. No dia D, lá fui eu com Sofia. O taxista avisou: 'lugar mais longe que esse em Roma não podia existir'. E era verdade, muito longe, quase como a distância até o aeroporto Fulmicino. Sofia reclamou do tempo, de acordar cedo, da distância. E, bom, quando chegamos foi um desastre. Lá estava eu e Sofi no meio de 200 paquistaneses e 200 chineses. Provavelmente são os paquistaneses são marroquinos, tunisianos, argelinos, mas os italianos os classificam assim 'paquistaneses'. São morenos, cabelos lisos, baixos. E os 'chineses', bom, são chineses, mas também coreanos, filipinos e todos os outros povos de olhos puxados. E eu? Bom, pareço uma italiana, já me disseram, mas também posso passar por russa (??). A verdade é que, pela primeira vez, me senti num outro país.

Na entrada, uma grande confusão. Cerca de 50 pessoas tinham o mesmo horário das 10h da manhã. E todas queriam entrar. Eu não me arrisquei a me debater no meio da multidão, estava com Sofia. O soldado do Exército ameaçava, dizendo para as pessoas se afastarem, caso contrário não abriria a porta. Uma parte entendeu, a outra ria e se afastava. Não falam a língua, não entendem, sorriem. A primeira impressão, então, foi péssima. Tive a certeza que me mandariam de volta no próximo vôo. Mas, depois da entrada, a luz. Numa sala limpa, com cartazes do Egito, da Síria, do Marrocos e de outros países, simpáticos atendentes (a maioria, pelo menos) de jaleco branco tentavam entender os pedidos e explicações de cada rosto à sua frente, de cada uma daquelas pessoas que deixou o seu país para tentar a sorte na Itália, que é 'boa com os imigrantes', me disse um paquistanês. Pode ser pq os italianos estiveram nessa condição bem mais do que os ingleses, espanhóis e americanos... Volto daqui a 20 dias para retirar o meu 'permesso'. Com o documento, pelo que entendi, poderei até ter uma carteira de identidade italiana, abrir conta em banco etc. Vamos ver.

Bioparco e Villa Borghese




Semana intensa por aqui. Sobrou pouco tempo para o blog. Fiz uma programação dos lugares que temos de visitar em Roma, pois são muitas as coisas que queremos ver e um ano começa a parecer pouco tempo para fazer tudo, ainda mais com a proximidade do verão. Segundo os italianos, faz um calor de matar por aqui e é melhor procuramos uma praia simpática (cheia de gente) para nos refrescar. Bom, o primeiro da lista de Sofia foi o Bioparco, que fica na Villa Borghese, um dos maiores parques de Roma. Fomos até lá, errei o trajeto e atravessamos o parque a pé. Coisa absurda. Sofi reclamou, mas a paisagem era linda, o ar bom e conseguimos chegar ao Bioparco. Toda Roma estava na fila para comprar o ingresso. Dia de sol, levar as crianças para ver os animais é um bom programa. Apesar dos lamentos de Sofi, persistimos na fila, compramos o ingresso e fizemos um belo passeio. Sofi fotografou toooodos os animais _ até que a memória da máquina apitou.

Antes de ir para casa, fizemos um 'belo giro' pelo parque de bicicleta. No 'complexo' Villa Borghese tem uma série de lugares bacanas para se conhecer (além do próprio parque, é claro). Mas ali está a toda a coleção de arte da família Borghese, na Galleria Borghese, a Galleria Nazionale de Arte Moderna, o Bioparco. Enfim, são necessários vários dias para conhecer tudo o que o parque oferece. Na Galleria Borghese, no entanto, é preciso ligar antes e agendar a visita. Entrou para a nossa lista de 'lugares para conhecer em Roma'.

domingo, 9 de maio de 2010

O Auditorium

Durante a semana fui com Sofia no Auditorium Parco della Musica assistir um grupo de Cornamusa, que toca música escocesa. O espetáculo foi ótimo, maravilhoso, Sofi se emocionou com o som forte, encorpado do instrumento conduzido por 'homens de saia'. O local é um conjunto de prédios desenhados por Renzo Piano e abriga salas para espetáculos, a Accademia Nazionale di Santa Cecilia, um pequeno museu de instrumentos musicais, um café/restaurante e uma livraria bem equipada. É um bom local para uma tarde de Primavera, ou de Verão. Os sites para dar uma espiadinha são http://www.auditorium.com/ e http://www.santacecilia.it/scw/.

A Europa, os italianos...

Tarde de sexta-feira 'a Roma'. Saio do curso e pego o meu ônibus, o 75, na Stazione Termini. Depois de quase 9 horas de aula, estou cansadérrima. Entro e sento, chega um, dois, três passageiros e o quarto, acho, nota uma mochila perdida. Pergunta para o motorista, que olha e diz: 'deixa aqui perto de mim, o dono deve aparecer'. Nova parada, mais pessoas adentram no ônibus e comentam da mochila. Logo está instaurada uma grande discussão. Sinto vozes que dizem: 'pode ser uma bomba', outras que dizem: 'que bobagem', outras que criticam o motorista: 'não é preparado para uma situação como essa... Se fosse nos EUA, tinha de parar e chamar o FBI, evacuar a área e, só depois que se tivesse certeza do conteúdo, é que o veículo poderia prosseguir'. Esse devia ser um advogado. A senhorinha do meu lado ri: 'mas, imagina, nós italianos somos gente de paz'. Outro contesta: 'é, mas só falta Roma'. Eu acompanho tudo, a discussão cresce, são gestos e mais gestos. Uns indignados, outros bravos e o motorista se cansa da discussão. Para o ônibus e manda todo mundo descer, pois, até então, ninguém tinha arredado o pé do 75. As vozes aumentam, os gestos também, mas sem tem o que fazer, descemos todos. O episódio me fez refletir: 'estou na Europa!'. Em São Paulo ninguém pensaria que uma mochila esquecida no ônibus poderia conter uma bomba. Mas também me dei conta: 'estou na Itália!'. Reclamaram, brigaram, falaram, mas ninguém desceu do ônibus... até serem convidados a se retirar. Quando o 75 partiu sem nós, fiquei olhando, observando ele dobrar, sossegadamente, uma curva da estrada, em direção a Viale Trastevere...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ladrão de sonhos na Fontana di Trevi


Dia de sol lindo em Roma, o mesmo dia da Villa Médici. Proponho a Sofi esticarmos um pouquinho e irmos até a Fontana di Trevi, eternizada por Federico Fellini no inesquecível filme La Dolce Vita. Difícil quem nunca tenha se imaginado caindo nas águas da fontana. Pois bem, lá fomos nós. Desviamos de um milhão de turistas franceses, ingleses, alemães, japoneses, chineses e indianos. Por fim, conseguimos nos aproximar. Sofia logo quis jogar uma moedinha e fazer o seu pedido, assim como todos ali. Viram de costas para a fontana e arremessam a moeda. É claro que se todas as moedas jogadas continuassem ali, não haveria mais espaço, a prefeitura de Roma recolhe tudo (ainda não sei que fim dão às moedas, mas recolhem). Mas nós nem lembrávamos disso, apenas queriamos fazer os nossos pedidos, no entanto, fomos interrompidas, no calor da emoção, por um senhor com um bastão bastante mal educado. Pediu, em italiano, que fossemos um 'pouco pra lá'. Sacou o bastão fino, longo e com um imã na ponta, meteu-o na água e, olhando atento, pescava as moedinhas de um e dois euros. Fiquei um pouco incrédula, mas logo comecei a rir, ainda mais pq Sofi queria um bastão igual, para pescar 'os desejos' das pessoas. Meno male que jogamos moedinhas de 10 centavos.

Villa Medici




A Villa Médici (eu acentuo) é um daqueles lugares fabuolosos de Roma, com uma vista incrível da cidade, é a sede da Académie de France na Itália. Estive lá com Sofia, aproveitei e fiz uma matéria para ANBA (Agência de Notícias Brasil Árabe), recorto um pedacinho do texto aqui, para contar a história desse palazzo. A Villa fica na colina do Pincio, que seria a oitava colina de Roma (a cidade é conhecida por suas sete colinas), se a região integrasse o que os romanos chamam de 'pomoerium', uma linha que criava uma fronteira imaginária, separando a cidade sagrada das outras terras, também romanas. Mas o Pincio está fora do tal 'pomoerium'.

A Villa Médici começou a ser desenhada entre 66 e 63 antes de Cristo, com a criação, primeiramente, do jardim, mas foi só em 1564, quando o cardeal Giovanni Ricci da Montepulciano, comprou o lugar é que se ergueu a residência principal. O cardeal chamou um famoso arquiteto fiorentino, Nanni di Baccio Bigio, e o encarregou da construção do prédio. Dez anos depois, Montepulciano faleceu, Bigio também, e o projeto ficou para os herdeiros, que nunca o executaram. A Villa ficou inacabada.

Outro cardeal, Ferdinando de Médici, em 1576, comprou a Villa dos herdeiros de Montepulciano, chamou outro arquiteto fiorentino, Bartolomeo Ammannati para, enfim, dar vida ao suntuoso projeto da Villa Médici. Ferdinando de Médici era um colecionador de arte e um mecenas, fez da casa principal uma verdadeira galeria, com espaço para esculturas inclusive nas paredes externas, na parte de trás da casa, que dá para o jardim à moda italiana, ou seja, sem flores, cortado seguindo formas geométricas, principalmente formando quadrados.

Ferdinando de Médici também mandou construir um bosque, onde podia caçar, e um estúdio privado, fora da casa principal. Para o estúdio, ele escolheu o jardim. O espaço tem afrescos do final de 1500. Na sala principal, pássaros e aves pintados no teto são as mais diversas espécies convivendo em perfeita harmonia. Alguns são raros, outros desconhecidos, que representavam o que se imaginava serem as espécies do Novo Mundo. Na sala de vestir, mais afrescos, com desenhos da época, entre outros, ilustrações das fábulas de Esopo. Os desenhos eram sempre acompanhados do símbolo dos Médici, que eram esferas, simbolizando a riqueza da família.

Em 1587, mais uma interrupção no projeto da Villa Médici, o cardeal foi chamado a Firenze para ocupar um posto importante. Deixou a Villa e quando decidiu se estabelecer definitivamente em Firenze, mandou buscar toda a sua coleção de arte. Com sua morte, a propriedade foi passada aos herdeiros de Ferdinando de Médici e ficou com eles até a venda a Napoleão, em 1803. A Villa era estratégica para o francês. Com Benito Mussolini no poder, a Villa foi confiscada da França em 1941, mas o período foi curto e, em 1945, a Académie de France voltou a ocupar a Villa Médici. Hoje, a Villa recebe artistas bolsistas. Que privilégio! São cerca de 20 selecionados todos os anos pelo governo francês. Uma das exigências é falar bem o francês. A outra é ter entre 20 e 45 anos e conhecer um pouco da cultura italiana. Mais infos. no site www.villamedici.it.