segunda-feira, 27 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Meus amigos italianos. Hoje é dia de Hernan
Ele tinha um livro de grego debaixo do braço - ou alemão. Não me lembro bem, mas era uma língua que eu não conhecia, que me assustava. Cabelo certinho, todo arrumadinho. O tipo que a minha amiga Débora iria amar, com toda certeza. Eu, saltitante, de vestidinho jeans rodado e tênis esperava o trem para ir, pela primeira vez, a um shopping em Roma, ou melhor, um Centro Commerciale. Era maio. E, diante das circuntâncias, era improvável que ele falasse comigo, mas puxei papo, perguntei se o trem era mesmo aquele. Ele me sorriu e respondeu que não. Fiquei desconsolada, e, por conta de um trem errado, nasceu uma amizade gostosa, aconchegante. Hernan é chileno, de Santiago. Advogado, usa óculos, está fazendo doutorado em Filosofia. Largou a carreira promissora por conta da paixão pelos pensadores. Está em Roma tem dois anos e nos damos muito bem. Os jogos da Copa quase nos separaram, mas depois de Brasil e Chile, Hernan virou parceiro e assistiu comigo a sem graça derrota brasileira. E, desde então, viramos cúmplices. Quando Sofia ficou doente, ele veio dormir em casa, passou dois longos dias comigo e a pequena. Encontrou a farmácia de plantão aberta, foi comigo ao hospital. Quando eu não conseguia chegar em Roma, perdida com a 500 alugada, e tinha uma amiga esperando na porta, vinda de Trento, liguei para Herna e ele veio em casa, ficou com ela por quatro horas até que eu chegasse. Quando cheguei, me abriu um sorriso. Que bom, eu precisava. São várias telefonadas por semana, tentamos fazer programas juntos, ir no cinema, no parque. E é bom saber que ele está por perto.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Perder-se
Esto profundamente apaixonada. E não é por um homem. É por Roma. Depois de seis meses aqui, tenho uma rotina, horários e, por incrível que pareça, isso garante a minha liberdade. A liberdade de poder me perder pelo centro da cidade, de tirar uma horinha para conhecer um bairro, como Pigneto (não sei é com a doppia), me perdendo nas ruelas. Ou mesmo pelo centro da cidade, pegando uma rua que eu jurava, dava no Pantheon, e, claro, não dava. E eu parei em outra viela pequena charmosa, que é sempre uma surpresa. Meu amigo Roberto me disse que é isso o que ele mais gosta em Roma, 'se perder nas vielas'. Dou razão a ele, e eu, metódica que sou, começa a me perder também. Hoje, voltando de uma coletiva no MAXXI, resolvi caminhar da Piazza del Popolo ao Largo Argentina. Uma bela caminhada, um dia lindo, um sol fantástico e uma energia incrível. E pensei: Roma é minha cidade. Cheguei aqui pelas vias mais tortas, um amor perdido para sempre, uma filha ítalo-brasileira e tantas outras histórias. Mas cheguei e, pouco a pouco, começo a escrever minha história de amor com a cidade mais linda do mundo _ e digo isso depois de viagens recentes a Paris e Londres. É um amor pelas cores, pelas ruas estreitas, pelos parques, pelas pessoas (os romanos são briguentos sim, é verdade, mas a raiva explode e aí passa rapidinho. E tenho tido a sorte de conhecer gente muito boa por aqui), pela 500, pela energia, pelo sol e por todas as coisas lindas que essa cidade pode oferecer. Um beijo Roma.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Caminho Suave
Eu estudei em escola pública, anos 80, numa cidade pequena do interior de Minas Gerais e me lembro da nossa cartilha, no primeiro ano da escola, 'Caminho Suave'. A de Abelha e por aí vai. Quando Sofia entrou na escola, em São Paulo, me lembro de alguma professora dizer: agora é tudo diferente, nada mais de A de Abelha. Bom, 2010, moro em Roma e Sofia está fazendo o seu primeiro ano escolástico e o que encontrei? Praticamente, Caminho Suave, à italiana, porém. É o livro 'Nel Giardino', que não deixa de ser um caminho bem suave para os pequenos e o A, de Ape...
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Ano novo em Roma
No Brasil, o ano começa depois do Carnaval, aqui na Itália é depois do verão. Junho, julho e agosto são meses estranhos. De vai e vem para praia, cidade vazia de romanos e cheia de turistas alemães, japoneses, indianos e de todas as partes do mundo. Roma se transforma em uma cidade 'visitada', um lugar não lugar, onde todos passam, olham, mas não dialogam com o espaço. Mas isso é papo de verão, no outono e inverno, a cidade volta a ser dos romanos, o caos dos carros estacionados nas calçadas, das pessoas brigando na rua, nos pontos de ónibus, nas portas dos prédios, falando alto. E, por mais estranho que pareça, eu ando me acostumando com todas essas manifestações. No verão, em Paris e Londres, senti falta do caos romano...
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