sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Meus amigos italianos. Hoje é dia de Hernan

Ele tinha um livro de grego debaixo do braço - ou alemão. Não me lembro bem, mas era uma língua que eu não conhecia, que me assustava. Cabelo certinho, todo arrumadinho. O tipo que a minha amiga Débora iria amar, com toda certeza. Eu, saltitante, de vestidinho jeans rodado e tênis esperava o trem para ir, pela primeira vez, a um shopping em Roma, ou melhor, um Centro Commerciale. Era maio. E, diante das circuntâncias, era improvável que ele falasse comigo, mas puxei papo, perguntei se o trem era mesmo aquele. Ele me sorriu e respondeu que não. Fiquei desconsolada, e, por conta de um trem errado, nasceu uma amizade gostosa, aconchegante. Hernan é chileno, de Santiago. Advogado, usa óculos, está fazendo doutorado em Filosofia. Largou a carreira promissora por conta da paixão pelos pensadores. Está em Roma tem dois anos e nos damos muito bem. Os jogos da Copa quase nos separaram, mas depois de Brasil e Chile, Hernan virou parceiro e assistiu comigo a sem graça derrota brasileira. E, desde então, viramos cúmplices. Quando Sofia ficou doente, ele veio dormir em casa, passou dois longos dias comigo e a pequena. Encontrou a farmácia de plantão aberta, foi comigo ao hospital. Quando eu não conseguia chegar em Roma, perdida com a 500 alugada, e tinha uma amiga esperando na porta, vinda de Trento, liguei para Herna e ele veio em casa, ficou com ela por quatro horas até que eu chegasse. Quando cheguei, me abriu um sorriso. Que bom, eu precisava. São várias telefonadas por semana, tentamos fazer programas juntos, ir no cinema, no parque. E é bom saber que ele está por perto.

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