Depois da bela Villa Borghese, o famoso 'permesso di soggiorno'. Eu tenho o visto para estar na Itália por um ano, mas isso não basta. Preciso do tal 'permesso di soggiorno'. Entreguei os documentos logo na primeira semana de março, quando cheguei, e agendei a visita para dia 12, 10h da manhã. Para não perdei o horário, coloquei o despertador, mas não sei o motivo, estava tensa. Acho que por conta da história da Espanha, dos Estados Unidos, que dificultam a vida dos brasileiros. Cria-se um estereótipo, um medo desnecessário. Chequei os documentos milhões de vezes, preparei as coisas todas um dia antes. No dia D, lá fui eu com Sofia. O taxista avisou: 'lugar mais longe que esse em Roma não podia existir'. E era verdade, muito longe, quase como a distância até o aeroporto Fulmicino. Sofia reclamou do tempo, de acordar cedo, da distância. E, bom, quando chegamos foi um desastre. Lá estava eu e Sofi no meio de 200 paquistaneses e 200 chineses. Provavelmente são os paquistaneses são marroquinos, tunisianos, argelinos, mas os italianos os classificam assim 'paquistaneses'. São morenos, cabelos lisos, baixos. E os 'chineses', bom, são chineses, mas também coreanos, filipinos e todos os outros povos de olhos puxados. E eu? Bom, pareço uma italiana, já me disseram, mas também posso passar por russa (??). A verdade é que, pela primeira vez, me senti num outro país.
Na entrada, uma grande confusão. Cerca de 50 pessoas tinham o mesmo horário das 10h da manhã. E todas queriam entrar. Eu não me arrisquei a me debater no meio da multidão, estava com Sofia. O soldado do Exército ameaçava, dizendo para as pessoas se afastarem, caso contrário não abriria a porta. Uma parte entendeu, a outra ria e se afastava. Não falam a língua, não entendem, sorriem. A primeira impressão, então, foi péssima. Tive a certeza que me mandariam de volta no próximo vôo. Mas, depois da entrada, a luz. Numa sala limpa, com cartazes do Egito, da Síria, do Marrocos e de outros países, simpáticos atendentes (a maioria, pelo menos) de jaleco branco tentavam entender os pedidos e explicações de cada rosto à sua frente, de cada uma daquelas pessoas que deixou o seu país para tentar a sorte na Itália, que é 'boa com os imigrantes', me disse um paquistanês. Pode ser pq os italianos estiveram nessa condição bem mais do que os ingleses, espanhóis e americanos... Volto daqui a 20 dias para retirar o meu 'permesso'. Com o documento, pelo que entendi, poderei até ter uma carteira de identidade italiana, abrir conta em banco etc. Vamos ver.
domingo, 16 de maio de 2010
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