domingo, 9 de maio de 2010
A Europa, os italianos...
Tarde de sexta-feira 'a Roma'. Saio do curso e pego o meu ônibus, o 75, na Stazione Termini. Depois de quase 9 horas de aula, estou cansadérrima. Entro e sento, chega um, dois, três passageiros e o quarto, acho, nota uma mochila perdida. Pergunta para o motorista, que olha e diz: 'deixa aqui perto de mim, o dono deve aparecer'. Nova parada, mais pessoas adentram no ônibus e comentam da mochila. Logo está instaurada uma grande discussão. Sinto vozes que dizem: 'pode ser uma bomba', outras que dizem: 'que bobagem', outras que criticam o motorista: 'não é preparado para uma situação como essa... Se fosse nos EUA, tinha de parar e chamar o FBI, evacuar a área e, só depois que se tivesse certeza do conteúdo, é que o veículo poderia prosseguir'. Esse devia ser um advogado. A senhorinha do meu lado ri: 'mas, imagina, nós italianos somos gente de paz'. Outro contesta: 'é, mas só falta Roma'. Eu acompanho tudo, a discussão cresce, são gestos e mais gestos. Uns indignados, outros bravos e o motorista se cansa da discussão. Para o ônibus e manda todo mundo descer, pois, até então, ninguém tinha arredado o pé do 75. As vozes aumentam, os gestos também, mas sem tem o que fazer, descemos todos. O episódio me fez refletir: 'estou na Europa!'. Em São Paulo ninguém pensaria que uma mochila esquecida no ônibus poderia conter uma bomba. Mas também me dei conta: 'estou na Itália!'. Reclamaram, brigaram, falaram, mas ninguém desceu do ônibus... até serem convidados a se retirar. Quando o 75 partiu sem nós, fiquei olhando, observando ele dobrar, sossegadamente, uma curva da estrada, em direção a Viale Trastevere...
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