quarta-feira, 2 de junho de 2010

Os nós da arte contemporânea



Eu gosto de arte contemporânea. Estou fazendo um curso que trata justamente do assunto, mas, confesso, algumas vezes é bem complicado, principalmente a parte teórica da arte contemporânea. Bom, vamos lá, ao motivo do meu imbróglio da semana passada. Fui para Faenza, uma cidadezinha italiana simpática, cheia de aposentados andando na praça e parques pequenos, agradáveis, cheios de crianças correndo. É esse o cenário atual da Itália: muitos, mas muitos idosos, nos ônibus-circulares inclusive, tentando se equilibrar entre a gentileza de gente mais nova, que não cede lugar por nada nesse mundo, e os movimentos bruscos do jovem motorista romeno (22 anos, pode ser?) ou de qualquer país do Leste Europeu. Do outro lado, muitas crianças e bebês, tentando sobreviver ao mau humor dos seus pais, com cara de cansadérrimos. Bem, mas de volta à Faenza. Ouvi muitas histórias de como esse festival de arte contemporânea estava mudando a cidade, que era maravilhoso e coisa e tal. Acreditei. Fui feliz da vida esperando encontrar gente fazendo performances nas praças, papos animados sobre arte na rua, grandes festas noturnas, mais performances, mais 'sound art' e obras com luz. Era isso que eu espera encontrar. E foi uma grande decepção. Não por conta da cidade e de seus parques doces, solares, mas por conta da arte contemporânea. No festival, nada de obras, performances e artistas. Somente debates, conferências e um estranho formato: fulana de tal que entrevista o artista X. E o artista X não mostrava sua obra.

Outra coisa que me chamou a atenção, os moradores da cidade não sabiam muito bem o que estava acontecendo, não estavam envolvidos, não participaram. Para se ter uma ideia, no sábado, tudo funcionou normalmente, ou seja, das 13h às 16h, por exemplo, tudo 'chiuso' (se diz quiuzo, que significa fechado). Não se podia comprar cigarros (eu não fumo, ok), mas meu colegas sim. Café, só numa única cafeteria, enfim, não havia sintonia da cidade com o festival. Que triste! Isso sem falar nos guias-voluntários, que nada entendiam, tinham chego um dia antes à Faenza, muitos não conheciam a cidade, e não sabiam nem onde eram os lugares das conferências. Uma pena, mas uma lição sobre o que funciona e o que não funciona num festival de arte contemporânea.

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